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O Artesanato Acreano vem se destacando nacionalmente pela diversidade e qualidade de suas peças. Anos de trabalhos dedicados ao aprimoramento tanto da gestão quanto da qualidade das peças foram destinados ao artesanato para que atingíssemos esse ponto. Porém, o estado do Acre ainda não conhece seu artesanato, seus artesãos suas tipologias, suas características e nem o impacto econômico que essa modalidade de comércio trás para a sua economia.

Esse artigo tem a finalidade de apresentar ao leitor as principais características do nosso artesão e artesanato. Tais informações foram obtidas de duas fontes importantes, sendo a primeira o cadastro dos artesãos do PROGRAMA DO ARTESANATO BRASILEIRO, e segundo, por uma pesquisa por amostragem realizada pelo SEBRAE no Acre através da coordenação do Projeto BRASIL ORIGINAL, cuja mostra, serviu para balizar o planejamento estratégico dessa instituição para futuras ações de fomento ao segmento.

Temos hoje no Acre temos cadastrados 1793 artesãos na base de dados do governo federal e, estima - se de que haja mais de 4000 produzindo artesanato em todo o estado. Desse público cadastrado, 32% estão situados na capital Rio Branco, seguida de Tarauacá, com cerca de 10,3%, e Cruzeiro do Sul, com a concentração de 5,8% de artesãos. Os 51,9% dos demais artesãos cadastrados encontram-se distribuídos entre os demais municípios do estado.

Dentre os artesãos cadastrados, 72% são mulheres e apenas 28% são homens. Esses números apontam para uma realidade vista em quase todos os estados brasileiros, onde a mulher vem com seu trabalho, seja formal ou não, ajudando na renda familiar, sendo o artesanato, uma das opções para geração de renda dessas famílias. Outra informação que corrobora com esses dados, é de que 76% dos artesãos produzem seus artesanatos na própria casa e apenas 21% utilizam espaços de associações, cooperativas ou centros de artesanatos para realizarem sua produção.

Em relação ao tipo de venda, 92% dos artesãos informaram na pesquisa que seu maior cliente é o consumidor final, 4,3% é o lojista e 3,7% disseram ter outras formas de venda. Essas informações para o SEBRAE são importantíssimas, pois aponta onde podemos trabalhar para abertura de novos mercados consumidores, e sobre o volume de artesãos que precisamos inserir no mercado lojista para fortalecer ainda mais a economia gerada pelo artesanato acreano.

Tratando-se da renda aferida pelos artesãos, 51,6% informaram que o artesanato é a principal renda familiar e que em 48,4% dos casos, a renda com o artesanato é complementar a outras rendas.

Em relação a renda média familiar, foi apurado que 53,4% dos artesãos ganham com a venda de artesanatos entre 1 e 3 salários mínimos; 4,6% ganham entre 3 e 5 salários e que apenas 1,4% dos artesãos pesquisados, faturam entre 5 e 10 salários mínimos por mês com a venda de seus produtos. Os demais 40,6% dos artesãos cadastrados, não conseguem atingir nem mesmo um salário mínimo ao mês com a venda de seus produtos. Essa informação torna ainda mais necessário o trabalho que vem sendo realizado tanto pelo Sebrae no Acre, quando pelo Governo do Estado através da coordenação estadual do artesanato, onde são oferecidos capacitações em técnicas artesanais para melhoria contínua da qualidade dos produtos, cursos e capacitações em gestão para aprimoramento da condução do negócio, bem como acesso a mercados através de feiras locais e nacionais.

Em se tratando das matérias primas utilizadas para confecção do rico artesanato acreano, podemos citar através dos dados obtidos com a pesquisa que 22,3% dos artesãos trabalham com a tipologia fios e Tecidos, utilizando-se de várias técnicas artesanais, entre elas o bordado, o corte e costura, o tricô e crochê, entre outras. 20,6% dos artesãos acreanos trabalham com sementes diversas, produzindo assessórios de moda e utilitários. 16,3% trabalham especificamente com a madeira, produzindo as mais diversificadas peças. Os 40.8% restantes, trabalham com as mais variadas matérias primas existentes na natureza e no mercado.

Conhecendo um pouco mais as características desse segmento tão criativo e empreendedor, podemos vislumbrar seu papel na sociedade e na economia do estado. Podemos ver o quanto o segmento ainda precisa do apoio de instituições sérias para seu fomento. Podemos ver o grande potencial de geração de emprego e renda que o artesanato pode proporcionar ao estado. Podemos ver o quão importante é o artesanato para manutenção da cultura local.

Trabalhar com o artesanato nos últimos 03 anos no Sebrae, me fez entender melhor suas nuances, seus jeitos, seus fazeres. Me fez conhecer melhor os artistas por trás de cada peça, suas crenças, suas histórias, suas vivências. Me fez entender que um povo sem o artesão, sem o artesanato é um povo vazio de raízes, saberes e cultura.

Marcos Paulo Maciente, Analista Sebrae-Ac e Gestor do Projeto Brasil Original Acre