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Já faz alguns anos que a pouca oferta de postos de trabalho ameaça milhões de brasileiros. Mesmo com a recente queda do índice de desemprego registrada no país, de 10,5% para 9,8%, cerca de 10 milhões de pessoas ainda continuam sem encontrar trabalho. Além disso, houve queda no rendimento médio anual do trabalhador e aumento da informalidade.

Você sabia que o cooperativismo talvez seja a melhor alternativa para o trabalhador escapar dessa situação de desemprego e diminuição de renda? Aliás, foi em busca de melhores condições de trabalho que o movimento cooperativista surgiu na Inglaterra, no distante ano de 1844. 

Desde então, a união de profissionais em cooperativas tem sido considerada a resposta mais adequada ao desafio permanente do desemprego, além de propiciar uma sensível melhoria das condições de trabalho e aumentar a renda e a inclusão social. O Brasil tem hoje cerca de 5,3 mil cooperativas, que empregam mais de 427,5 mil pessoas.

O cooperativismo é guiado por alguns princípios. Quais são eles? Em primeiro lugar, a adesão a uma cooperativa deve ser voluntária e livre, e sua gestão deve ser democrática. As cooperativas também são chamadas a incentivar a participação econômica de seus membros. 

As cooperativas devem, ainda, se manter independentes e autônomas, propiciar educação, formação e informação aos cooperados e promover a intercooperação. Finalmente, elas precisam se envolver ativamente com a comunidade na qual elas estão inseridas.

Em uma cooperativa, o trabalhador é desafiado a pensar e atuar como um profissional individual, e também como um empresário, mas um empresário de novo tipo, um empreendedor colaborativo, já que os lucros são divididos por todos de acordo com a contribuição de cada um.

Existem vários tipos de cooperativas, como as de produção e as de trabalho. Quando profissionais que produzem determinados produtos (têxteis, calçados, móveis, por exemplo) unem esforços em um trabalho comum, eles estão constituindo uma cooperativa de produção. Algumas dessas cooperativas podem surgir quando uma empresa vai à falência, e seus colaboradores resolvem se unir para assumir a gestão do negócio. 

Já as cooperativas de trabalho reúnem profissionais das mais variadas categorias (advogados, médicos, costureiras, por exemplo) que oferecem serviços em escala, com condições de trazer maiores vantagens para todos.

A Lei 12.690/2012 representou um grande avanço para as cooperativas de trabalho. Entre outras coisas, ela baniu a manipulação dessas organizações sociais como cobertura de fraudes, ou seja, pessoas jurídicas que usavam o nome de cooperativas para não pagar direitos trabalhistas.

Atuação em comunidades carentes

Os negócios gerados pelas cooperativas não beneficiam apenas seus associados diretos; eles colaboram, e muito, para a geração de empregos e para a inclusão social e econômica, contribuindo assim para uma melhor distribuição de renda nas comunidades onde estão inseridas. 

Um bom exemplo disso é a inclusão financeira promovida por cooperativas de crédito, já que em mais de 400 cidades brasileiras essas cooperativas são as únicas instituições financeiras disponíveis. Existem também diversas cooperativas que dão oportunidade a pessoas carentes, como é o caso de cooperativas de catadores de material reciclável. 

Papel das cooperativas no pós-pandemia

As cooperativas são fundamentais também durante períodos de graves dificuldades socioeconômicas, como as que têm sido provocadas pela pandemia da covid-19. Ao mobilizar profissionais e empresas, as cooperativas vêm colaborando para amortecer os efeitos dessa crise.

O modelo cooperativo é financeiramente vantajoso para empresas, que com ele conseguem contratar profissionais e serviços por valores mais competitivos, mas também para os produtores, que ganham poder de negociação e podem ampliar significativamente seu fluxo de atividade. O mercado também se beneficia desse modelo, já que o trabalho que é fruto de cooperativas proporciona maior qualificação profissional. Finalmente, os consumidores têm acesso a serviços melhores e mais diversificados.

As cooperativas também adotam o desenvolvimento sustentável como modelo de negócios, o que colabora para a erradicação da pobreza, a redução da fome e da desigualdade social. Dessa forma, o cooperativismo tem enorme potencial para ajudar a população, as empresas e o governo a superar a crise gerada pelo coronavírus. 

Associar-se a uma cooperativa é uma atitude que pode fazer do trabalhador um empreendedor bem-sucedido, mas de maneira coletiva. Unir esforços com outros profissionais pode ajudá-lo a prosperar ao mesmo tempo em que contribui para desenvolver e promover a sua comunidade.

^{(*) Fonte: Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2020.}

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